Al Capone: Ascensão e Queda do Rei do Crime na Lei Seca

Al Capone, o maior mafioso da história americana, liderou a Chicago Outfit durante o auge da Lei Seca e foi considerado o “Inimigo Público Número 1 dos Estados Unidos”. Durante seu reinado, “Scarface”, como era conhecido, comprou políticos, policiais e juízes e comandou jogos de azar, bordéis, bares clandestinos, corridas de cães, bem como monopolizou o grande negócio proibido de bebidas alcoólicas.

As Origens de um Gângster: Da Infância ao Crime Organizado

Al Capone era filho de imigrantes italianos, Gabriele e Teresina Capone. Ele cresceu em uma vizinhança pobre do Brooklyn, onde desde cedo se envolveu com gangues juvenis. Aos 14 anos, foi expulso da escola por agredir uma professora, um sinal precoce de sua natureza violenta. Capone integrou a notória gangue Five Points em Manhattan, onde trabalhou para o gângster Frank Yale. Em 1918, casou-se com Mae Joséphine Coughlin, de ascendência irlandesa, e tiveram um filho, Albert Francis “Sonny” Capone.

A Mudança para Chicago e a Ascensão ao Poder

Em 1919, Frank Yale enviou Capone para Chicago, onde ele se tornou o braço direito de John “O Terrível” Torrio. Em 1925, Torrio foi substituído por Al Capone e se retirou da vida criminosa após ser gravemente ferido pela gangue rival, liderada por George “Bugs” Moran. Após Torrio ser gravemente ferido, Capone assumiu a liderança da Chicago Outfit. Ele rapidamente demonstrou ser um líder implacável e eficiente, expandindo o sindicato criminoso para outras cidades entre 1925 e 1930. Aos 26 anos, Capone já era uma figura temida e respeitada no submundo do crime, controlando uma organização com cerca de 700 membros fortemente armados.

Scarface (Cara de Cicatriz)

Uma das raras fotos de Al Capone evidenciando suas cicatrizes no rosto, marca que obteve em uma briga na adolescência. Essa cicatriz lhe rendeu o famoso apelido “Scarface” (Cara de Cicatriz).

Al Capone tinha o apelido de Scarface (“Cara de Cicatriz”), devido a uma cicatriz do lado esquerdo de sua face que contraiu durante uma briga. A versão conhecida diz que quando ainda era jovem, Al trabalhava em uma pousada em Coney Island, quando em uma noite, fez um comentário impróprio para uma mulher no bar, fazendo com que o irmão dela acertasse um soco que cortou seu rosto, deixando a famosa cicatriz que lhe rendeu seu famoso apelido.

O Império do Crime: Lucros na Era da Proibição

Manifestantes protestam contra a Lei Seca nos Estados Unidos, exibindo cartazes com a frase “We Want Beer” (Queremos Cerveja). Esta imagem ilustra o descontentamento popular com a proibição do álcool, um período que Al Capone soube explorar para construir seu império criminoso. Fonte: Library of Congress Prints and Photographs Division Washington, D.C.

A Lei Seca, que proibia a produção e venda de álcool, foi uma benção para os negócios de Al Capone. Ele monopolizou o contrabando de bebidas alcoólicas, faturando milhões de dólares anualmente. Além disso, seu império incluía jogos de azar, bordéis, casas de apostas em corridas de cavalos e clubes noturnos. Capone não hesitava em usar a violência para proteger seus interesses e eliminar a concorrência. Ele subornava políticos, policiais e juízes, garantindo que suas operações ilegais continuassem sem grandes obstáculos. Sua fortuna era ostentada com roupas de luxo, joias e seções inteiras de teatros para ele e seus guarda-costas.

o Lado Filantropo de Al Capone

Trabalhadores desempregados fazem fila para se alimentar de graça em Chicago durante a Grande Depressão. O cartaz anunciava “Copos de café e rosquinhas grátis para os desempregados”. Al Capone foi o primeiro a abrir refeitórios para os trabalhadores desempregados, mostrando seu lado filantrópico.

Quando a Bolsa de Valores quebrou e a Grande Depressão atingiu os Estados Unidos em 1929, Al Capone foi a primeira pessoa a abrir refeitórios para os trabalhadores desempregados. Também instituiu um programa que forneceu leite gratuitamente para crianças em idade escolar em toda Chicago. Além disso, ordenou lojistas para que doassem alimentos e roupas aos pobres às suas próprias custas. Graças a essas atitudes generosas, algumas pessoas o consideravam como um “Robin Hood dos tempos modernos”.

O Carro Favorito

Mafiosos ao lado de um dos carros da Chicago Outfit. O carro favorito de Al Capone era um Cadillac Sedan 1928 V8 customizado e blindado, um símbolo de sua riqueza e poder.

O carro favorito de Al Capone era um Cadillac Sedan 1928 V8 customizado por Joe Bergl. O modelo era blindado com placas de aço e janelas à prova de balas. Em 1971, um dos veículos desse modelo que Al Capone possuía foi vendido em um leilão em 1971 por U$ 37.000 (trinta e sete mil dólares). O lance vencedor foi cerca de U$ 8.000 (oito mil dólares) a mais do que o preço pago pelo Lincoln Continental Sedan 1963 que pertencia ao ex-presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy.

O Massacre do Dia de São Valentim

Cadáveres espalhados no chão no dia do Massacre do Dia de São Valentim. Em 1929, atiradores de Al Capone, disfarçados de policiais, metralharam 7 rivais inimigos à queima-roupa, um dos eventos mais brutais da era da Lei Seca.

Em 1929, durante o Dia de São Valentim (data em que se comemora o Dia dos Namorados nos Estados Unidos), os atiradores de Al Capone foram até um depósito clandestino em Lincoln Park, Chicago, pertencente ao mafioso rival George “Bugs” Moran. Disfarçados de policiais, fingiram realizar uma “batida policial” e metralharam 7 rivais inimigos à queima roupa. Apenas um cão da raça pastor-alemão foi poupado durante a chacina. Ninguém nunca foi julgado ou sequer responsabilizado criminalmente pelo conhecido “Massacre de São Valentim”.

A Queda de um Império

Apesar de sua influência e poder, Al Capone não era intocável. O governo federal, sob pressão pública, intensificou seus esforços para derrubá-lo. Em março de 1929, Capone foi preso por desacato ao tribunal. Em maio do mesmo ano, foi detido na Filadélfia por portar uma arma oculta, sendo condenado a um ano de prisão. Ele foi transferido para a Penitenciária Estadual do Leste da Filadélfia e, em 1930, foi nomeado “Inimigo Público” número um pela Comissão do Crime de Chicago.

Prisão por Desacato

Al Capone conversa com um homem antes de comparecer ao júri em março de 1929. Ele foi intimado pelo Bureau of Investigation e posteriormente preso por desacato ao tribunal.

Em março de 1929, Al Capone foi intimado pelo Bureau of Investigation (renomeado posteriormente para Federal Bureau of Investigation – FBI – em 1935), a comparecer a um Grande Júri Federal em Chicago. Depois de adiar o comparecimento alegando problemas de saúde, Scarface compareceu perante o júri no dia 20 de março de 1929, contudo, ao deixar o foro, foi preso por desacato ao tribunal. O mafioso foi preso e liberado logo em seguida, e uma audiência referente ao seu desprezo pela justiça foi marcada para uma data futura.

Al Capone: Capa da revista Time

Capa da revista Time do dia 24 de março de 1930. Al Capone se tornou uma celebridade nos Estados Unidos, aparecendo na capa da revista semanal Time, o que demonstrava sua influência e notoriedade.

Al Capone se tornou uma celebridade nos Estados Unidos e sua foto apareceu como capa da revista semanal Time no dia 24 de março de 1930. Scarface possuía muitos amigos no meio artístico, empresarial e político. Apesar de sua reputação violenta e sua ligação com o crime organizado, assumiu ares de respeitabilidade como um legítimo empresário e filantropo.

A Condenação por Sonegação de Impostos e Alcatraz

Al Capone é condenado por sonegação de impostos em 1931 e cumpre pena em Alcatraz. Esta imagem mostra o momento de sua condenação, que marcou o início de sua queda e o fim de seu império criminoso.

O golpe final contra Capone veio em 1931, quando ele foi condenado por sonegação de impostos. Essa foi a estratégia bem-sucedida do governo para prendê-lo, já que era difícil provar seus outros crimes. Capone foi sentenciado a 11 anos de prisão. Ele cumpriu parte de sua pena na Prisão Federal de Atlanta e, em 1934, foi transferido para a infame prisão de Alcatraz, na baía de São Francisco. Durante seu tempo na prisão, sua saúde deteriorou-se significativamente devido a um caso antigo de sífilis, tuberculose e distúrbios mentais.

A Morte de Al Capone

O funeral de Al Capone. O notório gângster morreu em 25 de janeiro de 1947 em sua casa na Flórida, vítima de um acidente vascular cerebral e pneumonia. Ele foi enterrado em uma cerimônia simples em Chicago.

O notório gangster Al Capone morreu no dia 25 de janeiro de 1947 em sua casa na Flórida, vítima de um acidente vascular cerebral e pneumonia. Ele foi enterrado em um jazigo da família no Mount Olivet, cemitério de Chicago, em uma cerimônia simples conduzida pelo padre da família (o arcebispo proibiu que fosse realizado um grande funeral).

O Monsenhor William Gorman disse aos repórteres: “A Igreja nunca tolera o mal… esta breve cerimônia serve para reconhecer sua penitência e o fato de que ele morreu fortificado pelos sacramentos da Igreja”. Os restos mortais de Al Capone foram posteriormente transferidos para uma sepultura no cemitério de Mount Carmel, no Condado de Cook, Illinois.

Al Capone na Cultura Popular

Retrato clássico de Al Capone, um dos mais notórios gângsteres da era da Lei Seca.

O legado de Al Capone transcendeu o mundo do crime, imortalizando-o na cultura popular. Ele foi retratado em inúmeros filmes, interpretado por atores renomados como Robert De Niro e Tom Hardy. O personagem Augusto do filme “A Trapaça”, de Federico Fellini, foi inspirado em sua figura. Em 2011, um revólver Colt .28 de 1929, que pertenceu a Capone, foi leiloado por U$ 110.000, demonstrando o fascínio duradouro por sua história. Al Capone permanece como um símbolo da era da Lei Seca e do poder do crime organizado nos Estados Unidos.

Revólver Leiloado

Revólver Colt de Al Capone leiloado. Em 2011, o revólver modelo Colt .28 banhado a níquel, pertencente ao mafioso e fabricado em maio de 1929, foi vendido em Londres por U$ 110.000, demonstrando o fascínio duradouro por sua história.

Em 2011, o revolver modelo Colt .28 banhado a níquel pertencente ao mafioso e fabricado em maio de 1929 (apenas seis meses após o Massacre do Dia de São Valentim), foi vendido em Londres pela casa de leilões Christie para um colecionador particular pelo valor de U$ 110.000 (cento e dez mil dólares).

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